Compartilhando as coisas boas da vida

Heloise Martins

segunda-feira, 15 de março de 2010

Van Gogh - contribuição de uma amiga


Tempos atrás, Dona Mazélia, mãe de minha amiga Marcella e uma graça de pessoa, fez um resumo do livro de Van Gogh que tenho para eu colocar aqui no blog.

Fiquei muito feliz com o carinho, juntei algumas considerações minhas sobre as obras do artista e umas imagens o que resultou no texto abaixo. Espero que gostem!

Auto-Retrato
Essa tela, de setembro 1889 foi enviada por Van Gogh à seu irmão Théo pedindo que “notasse que sua expressão estava mais calma”. Note que foi realizado meses após o episódio do corte na orelha. Talvez seja o seu melhor auto-retrato e é o que mais me chama atenção. Suas cores são suaves e transmitem tranqüilidade diferentemente daqueles realizados em janeiro de 1889 (O Homem do Cachimbo, com os curativos na orelha) e o de 1888 (auto-retrato diante do cavalete, com cores escuras e pesadas).

Um pouco de teoria

Os nomes de Cézane, Gauguin e Vincent Van Gogh figuram inevitavelmente em qualquer lista dos seis maiores e mais populares artistas do Modernismo, tendo a arte de Vincent sempre comunicado mais claramente com maior número de pessoas do que a dos seus dois famosos colegas. Vincent era o mais consciente de uma tarefa que, a seu ver, se destinava ao grande público e não somente a críticos profissionais ou abastados apreciadores.

Os seus objetivos como artista de vanguarda no fim da década de 1880 eram no fundo semelhantes aos do início da

década, em que a sua ambição era tornar-se ilustrador de revistas populares, pois acredita que essa forma de arte se coaduna com o grande público.

Muitas de suas melhores obras são admiravelmente diretas, constituindo tal fato um aspecto da sua grandeza. A

verdade é que a arte de Vincent, mesmo quando considerada em termos puramente sensuais, nos oferece uma visão original que pode alterar e enriquecer a nossa própria experiência da Natureza. Aprender a contemplar as pinturas de Vincent equivale, entre outras coisas, a aumentar nossa própria sensibilidade à cor tanto na Natureza como na arte.

“Por outro lado, a iminência da nossa resposta às pinturas de Vincent também pode levar ao risco de prevalorização dos valores morais e poéticos da obra, que não é uma arte de pura e mera sensação e que, devido à sua universalidade, continua a estar historicamente situada, biograficamente situada e culturalmente situada. Vincent temsido descrito, por exemplo, como um “vitoriano”, noção que nos pode ajudar a efetuar uma apreciação mais completa das qualidades especiais que imediatamente se apresentem na sua arte.” p. VII

Vincent é um holandês cujas obras mais importantes foram realizadas na França. A Sempre procurou na arte um sentimento, uma expressividade que fosse além do reflexivamente estético.

“Apelidar Vincent de “vitoriano” não equivale portanto a dizer que ele era um puritano, e ainda menos que se tratava de um artista didáctico. Significa, antes, uma outra maneira de dizer que sua arte continha, no sentido mais lato, uma finalidade moral, o que não é a mesma coisa do que uma arte moralista.” p. VIII

Todas as grandes obras de Vincent partilham da premissa de uma tensão estimulante entre o tema e a maneira como ele é tratado, daí resultando que os tipos da paisagem, do retrato e da pintura figurativa revelam cada um deles um aspecto da sua personalidade artística e também humana. A natureza pintada por Van Gogh era o sentimento que esta nele despertava e não por conhecimento consciente da tradição da paisagem na pintura européia.

Fonte: Obras Primas de Van Gogh, Editora: Verbo, São Paulo, 1974

Quem influenciou Van Gogh:
Tanto seus valores morais como suas idéias sobre arte foram frutos de sua reação à arte e literatura inglesas da era vitoriana - Millais, G. H. Boughton - e aos realistas sociais - Frank Holl, Luke Fields, Hubert Herkomer, Carlyle, George Elliot, Dickens.

Sua Obra

Algumas de suas obras mais conhecidas são “O Quarto” de 1889, “Girassóis” de 1888, “O Homem do Cachimbo” de 1889, dentre outras.

A vida de Van Gogh foi marcada pela intensidade de produção, em sete anos produziu mais de 980 obras, entre quadros, desenhos, gravuras e textos.
Tentou vários empregos como galeria de arte, livraria, missionário nas minas, pastor. Mas fracassou em todas elas.

Em 1880, toma a decisão de ser artista.Se torna um autodidata e tem professores independentes pois as academias não o aceitam. É extremamente metódico em seus estudos, estuda desenho, volumes, cores e harmonias cromáticas, separadamente e nessa ordem. Começa pintar em 1883.

Fases
Fase Holandesa, 1883-1886:
Principal obra: Os Comedores de Batatas, 1885


Uso das sombras, quadro escuro, as cores estão escondidas no negro.

Fase Paris, 1886-1888:
Usa a cor pura pela primeira vez, é influenciado por Camille Pissarro
Obra: Pescando no Sena, 1887

"Trata-se de uma síntese de idéias neo-impressionistas com uma espontaneidade de sentimentos impressionista, apresentando Vincent semelhante a Monet ou Pissarro, e preparado para as obras primas totalmente origineis dos seus últimos anos." (
Obras Primas de Van Gogh, Editora: Verbo, São Paulo, 1974)

Fase Arles, 1888:
Obra: O Semeador, 1888


Arles é uma região com sol intenso, Van Gogh deseja captar a "amarelidade do amarelo". Sua pintura vai fundir a intensidade da luz com a cor, existindo também um geometrização disciplinada.

Fase Saint Remi, 1889:
O local é um hospício em que foi internado após o episódio do corte do lóbulo da orelha. Seu irmão Téo o tira de lá, mas depois volta voluntariamente.
Quadros: Noite Estrelada, 1889



O Homem do Cachimbo, 1889


Fonte: anotações das aulas da oficina
“O Nascimento da Arte Moderna” com o Professor Renato Brolezzi, no período de 20 a 24.07.2010